Principios da eletrofisiologia
O que fazer ao se deparar com um
ECG (eletrocardiograma)?
Essa é uma situação comum que pode ser um pouco embaraçante e desorganizada no início.
Mas em nosso curso, sempre de forma dinâmica e direta, frisaremos a importância da sistematização, você irá saber laudar e também compreenderá a fisiopatologia por trás dos traçados eletrocardiográficos.
Para isso utilizaremos o método
FRESABI
O que é FRESABI?
É um método mnemônico para chegarmos aos
7 passos da interpretação do ECG
Não se preocupe em decorá-lo agora; ao fim do curso isso não sairá mais da sua cabeça.
O que é o aparelho de ECG?
É um voltímetro que registra a atividade elétrica do coração por meio de 12 eletrodos na superfície corpórea.
Como isso é possível?
Nosso corpo, por ter composição de água e eletrólitos, é capaz de conduzir os estímulos elétricos gerados no coração até a pele, sendo captados pelos eletrodos do aparelho de ECG!
Isso não é incrível?
Diferença de potencial
Qual é o principal íon intracelular e extracelular?
O extracelular é o Sódio (Na) + 142 mEq/L
O intracelular é o Potássio (K) + 140 mEq/L
Despolarização Celular:
Na célula em "repouso" (antes da despolarização celular) há mais cargas positivas fora da célula, havendo, portanto, uma negatividade relativa interna.
Lembre-se de que existem muitos outros cátions e ânions além do Sódio e do Potássio.
Despolarização Celular: potencial de repouso
A diferença de potencial entre os meios intra e extracelular é o famoso potencial de repouso.
Para as células do músculo ventricular, o potencial de repouso é aproximadamente - 90mV
Qual a importância da despolarização?
- A despolarização celular é o fenômeno que gera a contração cardíaca por permitir a entrada de Cálcio nas células miocárdicas.
- Ela é também responsável pela formação da corrente elétrica observada no ECG.
O ciclo da despolarização celular é composto por 5 fases.
Fase 0 à fase 4
Fase 0: despolarização
Ocorre a abertura dos canais de sódio (Na+).
O sódio é mais prevalente fora da célula (extracelular)
Essa concentração diferente faz com que os cátions Na+ entrem passivamente (e rapidamente ) para o interior da célula.
Ganhando carga positiva, a célula fica menos negativa.
Observe:
Fase 0
Ainda na fase 0 observe que com a entrada de cargas positivas (Sódio) a célula fica mais positiva. (Com essa animação fica fácil entender! Não?)
Fase 1
Na fase 1 ocorre:
Fechamento dos canais de sódio.
Abertura dos canais de Potássio (K+).
Entrada de Cloro (Cl-)
Com a entrada de cargas negativas (Cl-) e saída de cargas positivas (K+), há uma variação pequena da eletronegatividade.
Fase 2: contração
Entrada de Ca++ leva à contração cardíaca!
Com a entrada de cargas positivas, por que a célula não fica mais positiva?
É devido à saída de K+ (positivo).
Observe:
Fase 2:
Fácil entender porque nessa fase ocorre a contração cardíaca e também porque o potencial de membrana fica estável!
Observe a contração cardíaca com entrada de cálcio e saída de potássio:
Fase 3: repolarização
Ocorre a abertura de novos canais de Potássio (K+).
O Potássio sai da célula deixando-a mais negativa (repolarização).
O músculo cardíaco relaxa (é o início da diástole ventricular, que só acabará quando se iniciar outra contração).
Perdendo carga positiva, a célula fica mais negativa.
Observe:
Fase 3
Com a saída de potássio a célula volta a ser negativa.
Observe:
Fase 4
Durante as fases anteriores notamos que há saída de K+ e entrada de Na+. Como essa troca é revertida?
Por meio da bomba de Sódio-Potássio ATPase, que, com gasto energético, leva Na+ para fora da célula e K+ para dentro da célula
Note que nas fases anteriores não há gasto energético durante a abertura dos canais
Observe:
Despolarização cardíaca
Após a despolarização ser iniciada em um determinado grupo de células, cria-se um estímulo de despolarização que leva as células vizinhas a se despolarizarem.
Despolarização cardíaca
Nos átrios a despolarização célula a célula é relevante mas há feixes de condução que contribuem para a sua despolarização:
Inter nodal anterior, Internodal médio e internodal posterior. Além do feixe de bachmann que contribui para a despolarização do átrio esquerdo.
Observe (em amarelo a despolarização):
Despolarização miocárdica
Abaixo observamos a despolarização ventricular pelos feixes do sistema his purkinje
Agora imagine o que aconteceria se pudéssemos olhar bem de perto o sistema de condução.
O sistema de condução cardíaco
E graças a essa próxima animação conseguiremos entender o que veriamos se aproximassemos nossa visão o suficiente do sistema de condução miocárdico.
Respire fundo e observe (essa animação é muito legal):
Por que a célula no estado de repouso é negativa?
Há duas justificativas para esta pergunta.
Primeiro:
Devido ao menor tamanho do K+ hidratado em relação ao Na+ hidratado que assim ultrapassa a membrana plasmática mais facilmente (A membrana é 50 vezes mais permeável ao K+)
O K+ (positivo) sairá da célula deixando-a mais negativa, ou seja, polarizada.
Segundo:
Para entender a segunda justificativa vamos revisar o funcionamento da bomba de sódio potássio ATPase.
3 íons de sódio são ligados a bomba de sódio potássio:
Funcionamento da Bomba de sódio potássio
O ATP e liga a bomba de sódio potássio:
Funcionamento da Bomba de sódio potássio
O ATP é quebrado em adenino-difosfato (ADP) e fosforo (que continua ligado a bomba de sódio potássio)
Funcionamento da Bomba de sódio potássio
Os 3 íons sódio são levados para fora da célula:
Funcionamento da Bomba de sódio potássio
E 2 íons potássio se ligam a bomba e são levados para dentro da célula.
Observe o ciclo completo:
há saída de 3 cargas positivas e 2 entrada de duas cargas positivas, logo há uma maior saída de cargas positivas... Esse efluxo de cargas positivas contribuem para a célula ser negativa no estado de repouso.
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